segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Tchê veja isto, pois: Marcelo Sgarbossa fala sobre a Derrubada de Árvores em POA O SR. PRESIDENTE (Waldir Canal): O Ver. Marcelo Sgarbossa está com a palavra para discutir a Pauta.


O SR. MARCELO SGARBOSSA: Boa-tarde aos colegas, boa-tarde aos servidores da Casa, a minha intervenção aqui tem como gancho o Projeto de autoria da Ver.ª Fernanda Melchionna e do Ver. Pedro Ruas, PLL nº 180/12, o qual tivemos a possibilidade de acompanhar junto ao Ministério Público numa representação para que o Ministério Público tomasse as providências, inclusive analisando a constitucionalidade da lei que limita a ocupação dos espaços públicos e limita a manifestação popular ali no Largo Glênio Peres; somos totalmente contrários. Está acontecendo hoje aqui a derrubada das árvores ao lado do Gasômetro, que vem na mesma linha de tornar esta Cidade mais pobre, do ponto de vista cultural, uma cidade em que o fluxo de veículos está acima do valor das pessoas, por isso temos nos manifestado. O Ver. João Carlos Nedel ainda brincou outro dia e perguntou por que éramos contra o progresso, quando nos posicionamos contra a trincheira da Anita Garibaldi. Não é verdade, não somos contra o progresso, na verdade é não concordar com uma visão rodoviarista da Cidade. A derrubada das árvores agora nos lembra os anos 70, em que as pessoas tinham de subir nas árvores, e simbolizou em Porto Alegre a luta ambiental de militantes ambientais, e está acontecendo o mesmo, neste momento, bem perto daqui, para duplicar uma avenida, para permitir que o fluxo de veículos circule mais rápido. Esta é uma política que está abandonada nos países que adotaram essa ideia de abrir mais espaços para automóveis.

Gostaria de recomendar aos colegas uma leitura que me foi recomendada pelo ex-vereador Adeli Sell, do livro chamado “Vida e Morte de Grandes Cidades” de uma Arquiteta chamada Jane Jacobs. Pelo próprio título do livro é possível perceber que as cidades podem morrer. E uma cidade pode morrer quando ela anula o sujeito da vida diária, da complexidade e da sustentabilidade que exige uma cidade em que comércio, moradia e transporte estejam integrados. Em Caxias do Sul existe o Conselho das Árvores. Vamos estudar essa proposta, ver se é possível fazer isso, porque temos notado que a poda feita pela SMAM é uma poda quase criminosa. Não tenho conhecimento técnico para fazer um rebate disso, mas, com certeza, o que se vê, do dia para a noite, são umas podas em Y, praticamente devastando as árvores. Muitas árvores são podadas a tal ponto que não resistem e depois são derrubadas. Parece que quem conhece outras cidades, ao longo do Brasil afora, percebe o quanto é valioso morar em Porto Alegre e perceber o quanto é agradável a presença de uma arborização tão grande como em Porto Alegre. Considero este um primeiro pronunciamento, apesar de ter feito alguns pronunciamentos durante o recesso parlamentar.

O Sr. Pedro Ruas: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Marcelo Sgarbossa, como Líder do PSOL, quero cumprimentar V. Exa. pelo pronunciamento, pela preocupação e pela sensibilidade de perceber o que realmente é importante. Acho que V. Exa. coloca justamente um tema, uma forma de visão sobre circunstâncias que ocorrem no cotidiano e que, lamentavelmente, podem nos levar, pelo menos em parte, a ser um dos – não li o livro, ainda – exemplos ruins da morte em cidades. Parabéns, porque a presença de V. Exa. neste Parlamento Municipal, com certeza, engrandece essa luta ambiental.

O SR. MARCELO SGARBOSSA: Obrigado, Vereador. Aproveito a presença do meu colega Alberto, para dizer que nesse livro, a autora diz que a segurança das cidades se dá nas calçadas. Não está aqui o Ver. Bernardino, que fala da questão da retomada das calçadas pelo Poder Público. É nas calçadas que as pessoas se sentem seguras. Portanto, fazer uma ciclovia na Rua Sete de Setembro e não abrir espaço para pedestres é jogar o pedestre contra o ciclista. Adoraria que fossem feitas ciclovias. Que bom que estão sendo feitas, mas tem que pensar no pedestre. É o que está acontecendo na Rua Sete de Setembro: as pessoas estão caminhando na ciclovia porque não há espaço para o pedestre. Não se deve culpar o pedestre se não há espaço para ele. Eu mesmo, quando caminho no Centro, se estou com pressa, ando pela rua. Pensar a cidade é pensar sob o ponto de vista das pessoas. A cidade está sendo pensada, infelizmente, para incentivar o uso do automóvel, as grandes obras da Copa, na sua maioria, são grandes obras viárias para esse fim, coisa que outras cidades do mundo afora conseguiram perceber que é um caminho totalmente equivocado. A duplicação da Av. Beira Rio já retirou um pedaço do Parque Marinha do Brasil, um espaço que antes era destinado ao lazer no final da tarde, nos finais de semana; já se perdeu um pedaço. Não seremos contrários a uma ou outra obra pontualmente.

O Sr. Cassio Trogildo: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Marcelo Sgarbossa, a título de contribuição, desde já saúdo o seu pronunciamento. Na verdade, todas as obras da Copa terão ciclovias. E não foi retirado pedaço do Parque: aquilo ali já é gravame viário há muito tempo, desde a concepção do Parque.

O SR. MARCELO SGARBOSSA: Agradeço, Ver. Cassio. De qualquer forma, efetivamente, perdemos um pedaço. Hoje, onde, antes, os jovens ficavam sentados no final da tarde e aproveitavam o Parque, não é mais assim. Passará ali a duplicação da Beira-Rio. E discordamos por isso, por experiência de termos vivido em outros lugares, onde as políticas são todas de restrição ao uso do automóvel e não de incentivo. As grandes obras são só exemplos. A abertura do Largo Glênio Peres para estacionamento, justamente do que trata a Lei aqui: no final da tarde, o Glênio Peres é aberto para estacionamento de 40, 50 carros talvez, impedindo e espremendo a passagem de muitas pessoas. A abertura de ruas no Centro, por exemplo, é uma visão, com todo o respeito, equivocada de cidade, da qual nos arrependeremos muito no futuro. Então, é uma pena que estamos rumando para políticas que em outros lugares já se tornaram reconhecidamente equivocadas. Em Londres, há um pedágio para circular no centro da cidade. Em Nova York, a diretora de trânsito proibiu que se ultrapassem alguns limites com menos de três pessoas dentro do automóvel. Então, percebe-se que as políticas são de restrição e não de incentivo. Infelizmente, temos essa visão equivocada que está tomando conta da Cidade e que acaba inclusive vitimando árvores com 40 anos de idade, que podem ser replantadas como compensação, mas serão replantadas muito longe. E se perde um capital vegetal que estava ali há muitos anos e fazia parte da história da Cidade. Obrigado.
Fonte pelo Facebook : 

 Cemitério de Árvores.
E ainda no: Correio do Povo | Notícias | Pessoas não utilizam as árvores no Gasômetro, diz Fortunati
E mais bem assim: Confira os locais que receberão os plantios compensatórios*

- Avenida Oswaldo Aranha – 100 mudas
- Rua da República – 08 mudas
- Parque Farroupilha – 80 mudas
- Rua Lopo Gonçalves – 08 mudas
- Avenida Jerônimo de Ornellas – 10 mudas
- Parque Maurício Sirotsky Sobrinho – 60 mudas
- Avenida Independência - 20 mudas
- Rua Washington Luiz – 10 mudas
- Rua Garibaldi – 05 mudas
- Rua Santo Antônio – 60 mudas

- Viaduto Otávio Rocha – 26 mudas
- Centro Histórico – 14 mudas em substituição a espécies secas

*fonte: Prefeitura 
Com informações da repórter Samantha Klein.